• A polêmica do dia: o comercial cancelado do Clube de Criação

    W+K para o Clube de Criação: Crise

    Não se falou em outra coisa nos últimos dois dias no mercado publicitário. O Clube de Criação (antigo CCSP) teve que tirar do ar o comercial do seu Festival do Clube de Criação, de tantas críticas que recebeu nas redes sociais.

    A peça criada pela Wieden+Kennedy São Paulo fazia relação entre momentos de crise na história da humanidade com o surgimento de movimentos criativos ou de pessoas de destaque.

    Aparentemente, a revolta se espalhou no Twitter a partir da postagem de Ana Luiza (@anarroz) dizendo “hoje um publicitário vai estragar meu dia”. A mensagem fez o vídeo ter quase 140 mil visualizações e superou 270 retweets até o fechamento desta matéria.

    Em grupos fechados do WhatsApp houve quem se manifestasse ter havido exagero no cancelamento, já que apenas se trataria de um comercial ruim, de uma entidade que já fez muito pelo mercado e não merecia apanhar tanto.

    Inclusive, apontaram, o problema tanto é da criação que o filme se encerra com uma ideia por demais batida, a de transformar a palavra “Crise” em “Crie” ao retirar a letra S.

    Crise e Crie

    Logo que as críticas começaram a surgir, na quarta-feira, 01/09, o próprio Clube de Criação emitiu um comunicado, juntamente com a W+K, se desculpando: “Tão logo as reações negativas surgiram, entendemos o quão imprópria a mensagem é – por isso decidimos retirá-lo imediatamente do ar. Pedimos as mais sinceras desculpas“, disseram.

    Enfim, a ideia foi ruim ou apenas mal realizada?

    Na opinião deste colunista, ficou a sensação de que o problema estava em o filme, não deixando clara a relação entre causa e efeito, permitir duas leituras, uma otimista e outra pessimista.

    A positiva, que — vamos dar um voto de confiança — pode até ter sido a pensada pela criação da agência, é: “A despeito das crises, o ser humano conseguiu superar as dificuldades e soube criar coisas boas”.

    Já a negativa, que foi adotada pelos canceladores das redes sociais: “Graças a terem existido crises, surgiram movimentos artísticos brilhantes”.

    Ou seja, nesta visão, o Clube de Criação e a W+K teriam ousado fazer uma publicidade elogiando ter havido a ditadura, a Ku-Klux-Klan, a Segunda Guerra Mundial e outras coisas abjetas, pelo que elas teriam gerado de bom.

    Você, leitor, é do lado otimista ou do pessimista?

    Esse lançamento do Festival do Clube de Criação era para ter sido a última iniciativa de Joanna Monteiro na presidência da entidade paulista, que iria convocar novas eleições. Com a polêmica do comercial, ainda não se sabe como ficará o processo de sucessão.

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    Marcio Ehrlich

    Jornalista, publicitário e ator eventual. Escreve sobre publicidade desde 15 de julho de 1977, com passagens por jornais, revistas, rádios e tvs como Tribuna da Imprensa, O Globo, Última Hora, Jornal do Commercio, Monitor Mercantil, Rádio JB, Rádio Tupi FM, TV S e TV E.

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    Discussão

    1. Eduardo Santoro

      A ideia do “fazer do limão uma limonada”, “o ideograma de crise é o mesmo de oportunidade em japonês” é batida, mas válida.
      No caso do filme, foi mal desenvolvida (não mal realizada, fazendo justiça à produção). O problema está na criação, que quis fazer algo tão sucinto que não deixou claro o destaque na mensagem.
      Senti falta de algo do tipo: “capítulos ruins da História estão fora de nosso controle. Mas cabe a nós fazer bom uso da experiência que trazem e transformá-los em algo de bom para a Humanidade”.

      1. Marcio Ehrlich

        Perfeito, Eduardo. Aliás, tenho notado isso em vários outros trabalhos. A criação parte do princípio de que todo mundo vai embarcar na viagem dela e deixa de ajudar no raciocínio.
        Como em todo o processo de aprovação, a agência sempre explica os pressupostos antes, ninguém nota que a peça final ficou incompreensível.
        Eu sempre lembro de um comentário que surge em julgamentos de propaganda: se um jurado precisar explicar a peça para os outros, ferrou. Propaganda não vem com bula.

    2. Heleno Bernardi

      Eu acho que este vídeo é praticamente caso de polícia. Se olharmos com atençâo, creio que há vários possiveis crimes ideológicos na mensagem.

      1. Marcio Ehrlich

        Interessante. Não quer desenvolver a ideia, Heleno?

    3. Leandro Vasconcelos

      Creio que o Clube de criação não recebeu um comercial digno da sua importância.

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